Se tentei me descrever, sim muitas vezes, mas foi lendo Carpinejar, q em um de seus poemas me encontrei, eu sou ele, claro com algumas adaptações...
Quando a gente guarda a alegria, ela diminui.
Quando a gente guarda a dor, ela aumenta.
Meus sentimentos não freqüentaram igual escola.
A esperança se formou em escola pública.
A avareza saiu de escola particular.
Meus sentimentos mudam de freqüência, não têm a mesma escolaridade. Muitos não completaram o Ensino Fundamental.
Minha raiva é primária.
Xingo mudanças de pista sem pisca no trânsito, enlouqueço em filas, abomino preconceito, conversa alta no cinema e ser abandonado no restaurante.
A raiva vai agredindo antes de refletir.
Minha ternura já é pós-graduada.
Posso me condoer se um caramujo demora uma semana para atravessar a parede da sacada ou adoecer se um
passarinho é pisoteado pela rua.
Bipolar é pouco para mim, sou multipolar.
A depressão é somente um entusiasmo que pensa demais.
Minha dor é inteligente, minha alegria é burra.
Não amadureci de todo, tampouco me infantilizei de resto.
Sou desigual, como uma família que se divide e migra para tentar chance em outro estado.
Não sofro parelho, harmônico, um naco por vez.
Sofro para explodir, em uma única dose, até cansar de sofrer.
O travesseiro detesta, mas nesse momento é rebaixado para toalha de rosto. Pior é quando ele se torna tapete do banheiro.
Minha euforia é apressada, quis trabalhar cedo e largou os estudos.
Trocou a mesada pelo cartão-ponto.
Não existe harmonia entre as experiências.
Minha generosidade ganha a vida trançando cestas de vime para roupas sujas. Minha criatividade monta pandorgas para engrossar o vento.
Minha persistência fez MBA para se sobressair diante da concorrência. Expresso a mais analfabeta emoção para demonstrar sábia serenidade mais adiante.
Desisti de me censurar.
Não mudo de opinião, mudo o sentimento da opinião.
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