Família

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sábado, 6 de agosto de 2011

Carpinejando

Esta é fatal, parece mas ñ é, aconteceu comigo, claro para manter a integridade dos envolvidos, somente eles ao lerem  se reconhecerão nos personagens.


Calcinhas II


 O varão peca pela soberba. 

Soberba de guardar provas materiais de suas aventuras. Por não confiar em sua memória e repetir fisicamente os vestígios do seu prazer. 

Uma amostra de dominação é afanar a calcinha da mulher depois de uma longa noite entre os dois. Melhor do que vídeo caseiro e fotos comprometedoras. Todo homem é um pouco Wando, uns mais do que os outros. 

Difícil determinar se é para cheirar o tecido como uma segunda barba. Quem sabe apenas colecionar desfalques e molecagens? 

O capricho aumenta ao roubar o fetiche e obrigar sua amante a voltar para casa sem o chão de pernas. 

O deleite de imaginá-la regressando sob o ardor de seus comandos, pura pluma no banco do carro. 

Eu já ouvi histórias de infiéis serem pegos por suas mulheres com uma calcinha no bolso do paletó, como quem dobra um guardanapo com telefone e põe o terno a dormir no cabide. 

Com uma calcinha no porta-luvas, esquecendo de que alguém procuraria uma caneta. 

Com uma calcinha debaixo da cama de casal, escondida na confusão apressada dos lençóis. 

Aquilo que aconteceu com meu amigo foi um refinamento da traição. 

Voltou de uma viagem, separou as roupas sujas e lançou na redoma da máquina de lavar. Caíram no caminho duas etiquetas de calcinhas: Kalesson Modelo 00560, R$ 7,50 e Redutor Modelo 01540 R$ 18,90. 

A esposa apanhou os comprovantes, encurvou as sobrancelhas em sabre e desferiu o golpe de olhos: 
- Que calcinhas são essas? 

Não entendeu, não entendeu mesmo, não comprou nenhuma calcinha durante a viagem para sua amante. 

Ele se dividiu ligeiramente entre a mentira e a verdade: a verdade é que ele tinha amante, a mentira é que não foram juntos para loja alguma. 

Avermelhou-se histérico com a invocação da mentira e apagou a verdade. Possuído de uma orfandade de caixa de sapatos. 

O marido ou está todo errado ou ainda encontra razões no duvidoso. Com chances de escapar, não admitirá em hipótese alguma. Caso fosse real a etiqueta, era capaz de chorar de bruços na mesa da cozinha, bater no peito seus erros e baixar os galhos de sua infidelidade. 

Pegou pesado: 
- Acha que iria comprar calcinhas de R$ 7,50 ou de R$ 18,90 se tivesse amante? Calcinhas chinelonas. Kalesson não são calçolas? E a outra é redutora de celulite, não? 

As etiquetas deveriam estar no fundo da mala. A mesma mala que o casal usava em suas andanças. Quando avacalhou os modelos, não percebeu que poderia estar falando de sua própria m
ulher. 


Eita,  q a calcinha na minha versão da história era minha, daquelas Bélicas como a da música KÁTIA FLÁVIA.

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